A industrialização mundial trouxe diversas mudanças nas formas de produzir, comercializar e preparar os alimentos. Estas alterações fizeram com que o ser humano ficasse exposto ao consumo de alimentos ricos em gorduras, açúcares, sódio e aditivos químicos prejudiciais ao nosso organismo. Em contrapartida, houve um declínio no consumo de frutas, legumes e verduras ricos em nutrientes importantes, que protegem o organismo de toxinas presentes na poluição e até mesmo nestes alimentos não fundamentais.
A solução para este problema não está na proibição ou restrição radical destes produtos. O segredo é saber selecionar os alimentos de acordo com a composição exibida no rótulo dos alimentos. Mas como entender as informações e identificar quais são mais relevantes para a nossa saúde?
Na parte superior do rótulo, encontramos a porção do alimento que corresponde às quantidades de nutrientes descritas na tabela. É importante prestar atenção na porção que você oferece ao seu filho, para saber controlar as quantidades ingeridas de cada nutriente.
O primeiro item listado são as calorias, que fornecem o combustível para que nosso organismo possa trabalhar corretamente. É bom saber que os excessos calóricos podem contribuir para o aumento de peso corporal, principalmente quando associado à falta de atividade física. As quantidades diárias recomendadas para crianças variam de acordo com peso, altura, idade, sexo, atividades que pratica e por isso, o ideal é procurar um profissional nutricionista para elaborar um plano alimentar personalizado.
Mais abaixo do rótulo, estão as proteínas, componentes que atuam na construção de tecidos e órgãos e que não podem ser oferecidas em excesso para as crianças. Também temos os carboidratos, que fornecem energia para o organismo e merecem atenção especial por representarem também a quantidade de açúcar que o alimento possui. O açúcar não deve ser oferecido exageradamente, pois causa problemas como o diabetes, comumente desenvolvidos nas nossas crianças ultimamente.
Os lipídeos ou gorduras fornecem energia ao organismo, dão sabor aos alimentos e estão divididos nos subtipos: Gordura Saturada, trans, monoinsaturada e poliinsaturada. De todas, ressalto o perigo quanto ao excesso de gorduras saturadas. No entanto, a pior gordura é a trans, que além de aumentar o colesterol total e o LDL, diminui o HDL (bom colesterol) na corrente sanguínea.
As fibras devem ser oferecidas para as crianças, pois melhoram o funcionamento intestinal, diminuem a absorção de gordura e aumentam a saciedade. Portanto, um alimento fonte de fibras é uma boa opção para oferecermos às crianças.
Uma das informações mais importantes é o sódio, um mineral que não pode ser consumido em excesso, mas que está presente em grandes quantidades na maioria dos alimentos industrializados. Ele causa retenção de líquidos, causando inchaços, aumenta a pressão arterial, além de se acumular nos rins. A quantidade máxima que uma criança de 3 a 8 anos pode ingerir é em média 1.2mg.
Diante de todas essas informações, podemos concluir que é um erro olhar os alimentos somente considerando as calorias, pois todos os demais componentes são essenciais na hora da escolha. Um grande exemplo disso são os refrigerantes zero que não possuem calorias, mas também não possuem nutrientes e estão lotados de sódio.
A lista de ingredientes também é um item importante para ficarmos atentos. Os ingredientes estão sempre listados em ordem decrescente e por isso um produto que tenha como primeiro ingrediente açúcar, conclui-se que possui este componente em altas quantidades. Itens como glutamato monossódico, podem causar retenção de líquidos, aumento de peso, enxaqueca, moleza, insônia, entre outros. Os nitritos e nitratos, utilizados para dar a cor a embutidos, possuem estudos que os relaciona com problemas respiratórios e até mesmo câncer. Outros componentes como corantes e aromatizantes estão presentes e não devem ser oferecidos em excesso, pois estão relacionados ao câncer.
Os adoçantes também devem ser evitados para as crianças. Produtos light e diet não são boas opções, principalmente quando os adoçantes utilizados forem aspartame, ciclamato de sódio, sacarina sódica e sorbitol. Em caso de crianças diabéticas, vale lembrar que é essencial procurar um profissional para orientar a melhor escolha.
A alimentação das crianças pode ser saudável e saborosa ao mesmo tempo. Cabe a nós fazer escolhas inteligentes e usar de muita criatividade, dando preferência sempre que possível a alimentos in natura.
Santhi Kucera Karavias
Nutricionista Clínica
Membro da diretoria APAN