domingo, 16 de setembro de 2012

Alimentação saudável x crianças

Em um ambiente de intensa industrialização, falta de tempo e consequente abandono do consumo de alimentos ricos em nutrientes, constantemente me deparo com inúmeros mitos referentes a uma alimentação saudável. De forma inconsciente, diversas mães oferecem alimentos não essenciais a seus filhos, na certeza de proporcionar o melhor para seu rebento.

Minha preocupação em desmistificar conceitos visa contribuir para o combate e prevenção de doenças em nossas crianças, desde a infância até a vida adulta. Abaixo, relaciono alguns alimentos oferecidos rotineiramente e que merecem atenção:
- Barrinha de Cereais

Muitas pessoas consomem diariamente barrinhas de cereais, pensando ser a escolha mais saudável que poderiam fazer. Minha orientação é que verifiquem atentamente o rótulo deste produto, pois muitas marcas possuem altas quantidades de açúcar, contém gorduras saturadas, sódio e pouquíssimas quantidades de fibras alimentares (menos que 0,5gr). Se o benefício esperado relacionado ao consumo deste alimento seria a oferta de fibras, então não faz sentido consumi-lo sem que haja quantidades significativas de fibras em sua composição. Vale lembrar que uma crianças com 2 anos, por exemplo, deve consumir de 7 a 12gr de fibras alimentares por dia, sendo que este consumo aumenta a cada ano de idade, conforme a Fundação Americana de Saúde e a Academia Pediátrica Norte Americana. As quantidades ideais devem ser orientadas individualmente para as mamães por um profissional nutricionista habilitado.

Uma ótima opção para substituir as barrinhas e variar o cardápio são as barrinhas feitas em casa. São rápidas de fazer, saborosas e recheadas de nutrientes. Também podemos substituir por cookies integrais ou oleaginosas.

- Petit Suisse

Muitas mães cometem o erro de substituir uma refeição completa por alimentos não nutritivos e cheios de corante, açúcar e conservantes. É o caso do Petit Suisse. Não existe problema em oferecer este alimento às crianças esporadicamente. Mas existe problema sim, quando ele é oferecido diariamente, principalmente em substituição às refeições, como se fosse um alimento completo e saudável. Importante lembrar que a criança, ao saber que possui a opção de não comer a refeição pois mais tarde ganhará uma guloseima, provavelmente ela nunca estará disposta a comer suas refeições principais e sempre usará esta tática para ingerir somente o que agrada seu paladar.

- Suco de caixinha

O suco de caixinha não é a melhor opção para colocarmos na lancheira dos pequenos. Recomendo os sucos naturais (exceto laranja e limão que amargam e maçã que escurece) ou a polpa de fruta congelada. Há no mercado, uma opção que não contém conservantes, nem sódio ou açúcar refinado: é o suco de uva integral pasteurizado (aquele tipo de vinícola). Também existe nesta mesma linha o suco de uva verde, que é menos forte e com sabor mais doce.

Temos o hábito de sempre colocar suco na lancheira, mas será que as crianças necessitam mesmo deste suco? São calorias a mais que poderiam ser melhor aproveitadas: ou seja, nos dias em que houver produtos sólidos mais calóricos, porque não colocar água mineral, por exemplo?. A água mineral em garrafinhas pequenas chama a atenção das crianças, além de ser uma ótima oportunidade de hidratar os pequeninos.

Além disso, existem outras opções como água de coco, chá, vitamina ou água aromatizada.
- Bisnaguinha

Todos os pães confeccionados com farinhas refinadas são comumente oferecidos às crianças. No entanto, o ideal é oferecermos produtos feitos com farinhas integrais, que contém fibras importantes para o funcionamento e a saúde intestinal, ajuda na saciedade, melhor controle da glicemia, colesterol e até mesmo auxilia na prevenção de males como o câncer e a obesidade.

Há certo preconceito das mães em ofertar produtos integrais às crianças, com a ideia de que elas não gostam. Isso não é verdade, pois produtos integrais agradam também aos pequeninos. O que ocorre geralmente é uma rejeição inicial, chamada neofobia, comum nas crianças em idade pré-escolar. A conduta é oferecer novamente a mesma preparação por até 8 vezes, variando as formas de preparo e apresentação antes de decidir que este alimento não é aceito.
- Peito de peru

Os embutidos em uma forma geral não são opções saudáveis. No entanto, o peito de peru é tratado enganosamente como uma ótima opção, devido às suas baixas quantidades de calorias. É um erro olhar para os alimentos simplesmente pelo seu valor calórico, pois eles não se resumem apenas a calorias. É importante vislumbrar os nutrientes ofertados, bem como os aditivos químicos e os componentes que podem causar danos ao organismo, como sódio (que aumenta a pressão arterial, causa inchaços, entre outros). O peito de peru, além do sódio, possui nitrito e nitrato, componente relacionados a problemas como o câncer, quando ingeridos rotineiramente e em quantidades significativas.

Uma alternativa é substituir o peito de peru por rosbife caseiro ou outras bases proteicas como frango, carne ou queijos mais magros.

- Leite fermentado

Vejo mães dizendo oferecer leite fermentado aos filhos para resolver problemas de ressecamento intestinal e crianças viciadas consumindo diariamente estes produtos. Quero alertar as mães para o perigo de problemas intestinais, tendo em vista que o intestino além de produzir substâncias importantes para nosso bem estar, está ligado, entre outras funções à imunidade. Portanto, 1 intestino não funcionante apresenta perigos muito maiores que 1 simples incômodo.

Em casos de constipação não adianta oferecer uma bebida com uma quantidade mínima de lactobacillus, cheia de açúcar, aromatizantes e leite (que pode ser 1 dos motivos da constipação). Não há indicação terapêutica ara este tipo de bebida. Para resolver o problema é necessário descobrir a causa e tratar com a orientação de um profissional nutricionista, usando os lactobacillus ideais nas proporções adequadas, caso exista necessidade. Muitas vezes, simples mudanças no hábito alimentar já resolvem.

- Leite de soja

O leite de soja é vendido pela indústria alimentícia como um componente saudável da dieta, com embalagens divertidas que estimulam as crianças. Peço aos pais que tenham atenção com o consumo de soja e derivados para crianças.

A soja contém um componente chamado isoflavona que possui ação hormonal no organismo humano. Muitos estudos têm sido realizados e não há segurança para o consumo deste alimento por crianças, portadoras de organismos totalmente imaturos sexualmente.

Além do problema hormonal, há ainda o fato de a soja ser uma proteína de difícil digestão, podendo causar alergias alimentares e consequências associadas.

Para crianças viciadas em bebidas à base de soja com frutas, a dica é a substituição por sucos de frutas. Já para crianças que tomam o leite de soja Original, a dica é substituir por leites de outras bases vegetais, como o leite de arroz, amêndoas, etc.
- Produtos diet e light

Produtos light devem receber uma atenção especial na leitura de rótulos. Alguns deles possuem adoçantes que não são indicados para crianças. Os produtos diet obrigatoriamente possuem estes edulcorantes e devem ser banidos da alimentação dos pequenos. Quando há problemas como diabetes ou excesso de peso, é importante que a mãe procure um nutricionista para indicar um substituto do açúcar que se adapte ao seu bolso, paladar e condições fisiológicas do organismo.

Em crianças saudáveis, não há necessidade de se optar por este tipo de produto a não ser que haja somente uma redução das quantidades de gordura, sem a presença de adoçantes.

- Cereal matinal

Os cereais matinais podem ser consumidos, como parte de uma alimentação balanceada. Chamo somente atenção para a maioria das marcas existentes no mercado, que possuem muito açúcar e são feitos à base de farinhas refinadas.

Lendo o rótulo, é possível substituir esta opção por cereais feitos com farinha integral e com teor de açúcar reduzido. Outra dica é substituir os cereais por muslie (sempre observando o rótulo) ou fazer em casa uma mistura de cereais, oleaginosas, aveia, linhaça, entra outros.

- Achocolatado de caixinha

Achocolatados prontos em sua maioria possuem gorduras trans. Além desta, outros vilões aparecem no rótulo como o sódio e altas quantidades de açúcar.

Minha dica é fazer o chocolate em casa, com cacau em pó. Além de controlar a quantidade de açúcar que você coloca, não há nenhum aditivo alimentar, nem sódio e ainda contém fibras.

Santhi Kucera Karavias
Diretora APAN
GESTÃO 2011/2014

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